Em Crateús, força popular do Grito dos Excluídos interrompe desfile militar

Manifestantes da “Princesa do Oeste” sobem o tom e mostram que o 7 de setembro não é dia de comemoração, mas sim de denúncia das opressões sofridas pela população brasileira

Entre todas as atividades realizadas no dia 7 de setembro, chamou a nossa atenção a gigantesca indignação popular da população de Crateús, que, diante do massacre orquestrado nas instâncias de poder nacional contra a classe trabalhadora, fortaleceu o protesto do Grito dos Excluídos realizado na cidade.

Excluídos se insurgem contra institucionalização da força. Foto: Reprodução do vídeo*

A manifestação ganhou as ruas do município com uma mensagem mais que contundente. Trabalhadores, trabalhadoras, aposentados e estudantes uniram as vozes num único coro contra a retirada e negações de direitos. Forte, o ato interrompeu o desfile militar tradicional da Independência do Brasil, no Centro de Caretús, furando o bloqueio policial e mostrando que a resistência acontece, inclusive, contra o modelo opressor de comemoração desta efeméride nacional.

Em vídeo feito pelo radialista Tiago Rodrigues, fica envidenciada a tentativa pacífica da marcha dos oprimidos de avançar livremente pelas ruas. Embora oficiais tentem impedir, a mobilização se avoluma e prossegue ao coro de “essa luta é nossa, essa luta é do povo, é só lutando que se constrói um Brasil novo”.

Socorro Pires, diretora da Fetamce e do Sindicato dos Professores de Crateús. Foto: Reprodução de vídeo*

Dirigentes do Sindicato dos Professores de Crateús, Socorro Pires e Geraldo Alves, tentam negociar com os repressores o prosseguimento do cortejo popular.

“O movimento está tentando passar, mas neste momento estamos barrados. É o dia da independência do Brasil e aqui está sendo provado que o Brasil não é independente. Que o povo está sendo impedido inclusive de passar nas ruas de Crateús. Isso é uma tristeza muito grande pra nós e mais um motivo de fortalecermos nossos gritos nas ruas por democracia e direitos. A nossa luta é todo dia”, narrou de forma enfática durante a movimentação a militante sindical Socorro, que também é dirigente da Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Estado do Ceará (Fetamce).

Não identificadas no vídeo em que baseia nossa matéria, a moça da esquerda defende o Grito, enquanto a loira, na direita, a passeata dos militares. Foto: Reprodução de vídeo*

Um dialogo chama atenção no vídeo:
É direito deles passarem… É sim… – diz uma popular, quando é interrompida por outra senhora que afirma:
Eles vão passar na hora que ele quiser (provavelmente se referindo ao comandante do Exército, que conduz a atividade)
No que a nossa primeira oradora responde:
Quer dizer que na pátria quem manda é ele?
É… – responde a senhora que defende o prosseguimento da atividade institucional.
Na pátria ele não manda, todo cidadão tem direito de se manifestar. Todo cidadão tem o direito de se manifestar – finaliza, em tom de protesto a moça que comemorou a chegada dos populares.
A conversa se encerra.

Mas apesar de longo período de embate verbal e tentativa de bloqueio, a multidão consegue se manter coesa, levando ao cancelamento do desfile militar.

“A gente diz pra população que o Brasil não está independente de nada. O Brasil continua sendo roubado e nós precisamos fazer alguma coisa. Hoje não é dia de festa, é dia de choro, de ranger de dentes, deste povo que sofre neste país que a cada dia é mais roubado e mais sucateado. E hoje, o povo de Cratéus fazendo esta fala, fazendo esta marcha, está dizendo que o lugar do povo não é batendo palmas para aqueles que saqueiam o nosso país”, discursou o sindicalista Geraldo Alves.

Coronel reconhece mobilização popular

Radialista entrevista o Coronel que liderou o evento oficial do Exército. Foto: Reprodução de vídeo*

Ao tentar minimizar a confusão causada pela tentativa de repressão a simples passagem do Grito dos Excluídos no mesmo espaço em que ocorreria o ato institucional de sua corporação, o Coronel Henrique Sá afirma que cancelou o seu evento.

Contraditoriamente, ele diz que a data foi um “sucesso”, justamente pela participação da população, que no princípio buscou evitar. No final, alfineta: “foi graças ao Exército Brasileiro que a população esteve unida até hoje”, destaca o militar, “sem lembrar” que foi a sua instituição que impôs aos brasileiros um dos períodos mais sombrios da história, a Ditadura Militar (1964–1985).

*Veja no vídeo completo de Tiago Rodrigues o papelão do Exército, Polícia Militar e Guarda Municipal, além da bela insurgência dos milhares que realizaram o grito dos oprimidos:


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