Fetamce participa de audiência pública sobre adoecimento mental dos professores do ensino básico

As suplentes da Diretora da Fetamce, Kellynia Farias e Nívia Marques, representaram a Federação, na última quinta-feira (19), na audiência pública “A Saúde Mental dos Docentes do Ensino Básico do Estado do Ceará”, requerida pelos mandatos dos deputados estaduais Renato Roseno e Guilherme Sampaio.

A iniciativa ocorreu na Assembleia Legislativa do Ceará e reuniu entidades, movimentos e especialistas para discutir os impactos de práticas antissindicais e de assédio na saúde mental dos docentes cearenses.

De acordo com Josué de Sousa, superintendente do Instituto de Previdência do Município (IPM), a rede de Educação de Fortaleza possui cerca de 9 mil docentes e uma média de 157 afastamentos mensais. A rede de Educação contém 27.418 servidores ativos, dos quais 4.293 estão afastados.

Há um total de 1.262 licenças para os professores, dos quais 29% estão afastados para tratamento de saúde mental, sendo 559 para tratar ansiedade, 329 para tratar episódios depressivos, 144 por conta de transtornos depressivos, 95 por estresse e 72 por transtorno bipolar. Os dados são de janeiro a setembro deste ano.

Nívia, que é diretora do Sindicato Unificado dos Profissionais em Educação no Município de Maracanaú (Suprema), destacou a ausência de diálogo imposta pela gestão do município com os professores.

“Além das práticas antissindicais, profissionais têm sido perseguidos de diferentes modos, com cortes de direitos e demissões injustificadas. Para além da revolta, tais práticas causam adormecimento mental nos trabalhadores. Assédios moral e sexual, perseguições e não aplicação do PCCR já aprovado em lei são apenas alguns dos problemas enfrentados pelos nossos professores. Como teremos saúde mental em um contexto desse? Seguimos firmes na luta por mudanças”, enfatiza.

Segundo Kellynia, a Fetamce vem realizando um levantamento junto aos professores de todo o Estado e vem confirmando que a saúde mental dos profissionais é, de fato, afetada com questões relacionadas a valorização, assédio moral e longas jornadas.

Dirigentes sindicais de diferentes regiões do Ceará participaram da audiência pública. Carlinda Viana, presidenta do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (SINDSEP) de Itapipoca, Tururu e Uruburetama, afirma que os fortes depoimentos dos presentes atestam a necessidade de um cuidado com a saúde mental dos docentes.

“Muitos docentes estão vivenciando situações de adoecimento em função da pressão do Estado na corrida exacerbada pela melhor escola, melhor professor, avaliações externas, etc. Há, ainda, a presença forte de assédio moral que precisamos dar visibilidade”, avalia.

A entidade também esteve representada pela dirigente Netinha Rodrigues, que ressalta a necessidade de continuidade do debate. “Esse deve ser um diálogo perene, que não se encerra aqui. Os municípios precisam criar espaços de diálogo e ouvidorias. Só assim conseguiremos instituir escola humanizadas e ambientes acolhedores para os servidores da educação”, afirma.

Já Samara Lopes, psicóloga e presidenta do SINDSEP Jucás, pontua a necessidade de atenção aos múltiplos fatores que contribuem para o adoecimento dos professores. “Não são questões isoladas. A desvalorização, a perseguição dos gestores e as elevadas cargas horárias são apenas alguns dos fatores de adoecimento. Isso exige um esforço conjunto, envolvendo, até, várias secretárias municipais, além da de Educação, para uma resolução definitiva”, ressalta.

Também presente no debate, representação do SINDSEP Caucaia reforçou a necessidade de mudanças. “É urgente pautarmos o adoecimento mental como um problema que existe e que exige um esforço conjunto, com participação da Secretaria de Educação do Estado (SEDUC) na resolução do que causa o adoecimento entre os docentes”, afirma Maria Santos, presidenta da entidade.


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