No último dia 27 de março, representantes das comissões dos servidores municipais de Crateús participaram de uma reunião com a gestão municipal para discutir a pauta de reivindicações dos servidores. No entanto, a postura da Prefeitura durante e após o encontro foi unilateral e carente de diálogo com a categoria.
Inicialmente, os servidores e o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Crateús (SSPMC) apresentaram a pauta à gestão. Contudo, a Prefeitura limitou a discussão apenas ao nível superior, excluindo a enfermagem, alegando ter implementado o piso no ano anterior. Essa afirmação foi contestada pelos representantes sindicais. Segundo Antônio José, presidente do SSPMC, o suposto piso foi apenas um auxílio financeiro, e a prefeitura basicamente apenas repassou o valor enviado pelo governo federal, sem proporcionar uma efetiva valorização dos profissionais com um real salário-base.
Após debates infrutíferos, a gestão apresentou uma proposta de reajuste de 10% para os servidores municipais, sem detalhamento. No entanto, a verdadeira surpresa surgiu em 5 de abril, quando a direção do SSPMC teve acesso ao projeto de lei que seria votado na Câmara Municipal: o reajuste seria exclusivamente para a categoria da saúde em 10%, deixando de fora os enfermeiros.
“Mesmo com a aprovação da lei não contemplando todos os servidores, não podemos esquecer que os profissionais de nível superior de outras secretarias tiveram o salário equiparado com os salários atuais. Existiam profissionais que estavam há 10 anos com salários defasados. A perda salarial variava entre 40% a 70%. Agora, com o reajuste, caiu para 30%, e para outros, com 60%, pois algumas ainda sofrem com defasagens maiores”, destacou o presidente.
A justificativa da Prefeitura para excluir os enfermeiros do reajuste foi o suposto repasse realizado com a implantação do Piso da Enfermagem, argumento contestado pelo sindicato. Além disso, a falta de transparência e diálogo efetivo durante todo o processo de negociação levou à aprovação da lei com algumas divergências do que havia sido acordado, como disparidade salarial entre servidores que desempenham a mesma função.
Antônio José ressalta a preocupação com o tratamento dispensado pela Prefeitura aos servidores e aos representantes sindicais, destacando a falta de respeito e diálogo por parte da gestão. “O compromisso assumido pelo prefeito de respeitar os servidores parece ser apenas retórica, pois a realidade demonstra uma total falta de consideração pelos trabalhadores municipais”.
Diante desse cenário, o sindicato reitera sua determinação em continuar lutando pelos direitos dos servidores, ouvindo suas demandas e levando-as à gestão municipal, na esperança de que, um dia, o diálogo e o respeito sejam verdadeiramente valorizados pela administração de Crateús.