“A gente faz, a cidade cresce”. Um slogan propagado pela prefeitura, mas que não coaduna com a administração de Maracanaú. O que comprova esta situação é que os professores da cidade estão no sétimo dia de greve e nesta segunda-feira, 9 de outubro, acordaram cedo para mais um dia de resistência e se concentraram em frente a Secretaria de Educação. Em seguida, uma grande carreata saiu da Secretaria de Educação fazendo “buzinaço” nas ruas de Maracanaú, sendo encerrada no gabinete do prefeito. A cada nova agenda, novos adeptos se juntam porque a categoria está cada dia mais convencida de que não pode abrir mão de seus direitos, que vem sendo sonegados pelo prefeito sem palavra.
Como é costume, no início de cada ato faz-se a chamada das escolas em greve. Hoje era fácil de identificar que quase todas as 86 escolas que existem no município já aderiram ao movimento paredista, e resistem em total apoio a essa causa que é de todos. “Como num trabalho de formiguinha, cada professor traz um colega, e o movimento fica grandioso”, acrescenta a professora Aldenir Rodrigues.
Um novo dia para se organizar e lutar
A categoria acordou hoje com muitos questionamentos ao poder público, já que o silêncio do prefeito é visto como uma afronta ao movimento paredista. Os professores, numa clara demonstração de indignação, perguntam sobre a prestação de contas do município, principalmente as contas da Educação.
Por outro lado, ao mesmo tempo em que alega falta de margem financeira para aplicar benefícios, a prefeitura deixa de arrecadar milhões, que não entram nos cofres público devido a isenções fiscais infinitas concedidas a empresas e indústrias sediadas no município. Ao mesmo tempo, a categoria questiona os nomes presentes na folha de pagamento da prefeitura, recheada de cargos em comissão, enquanto os educadores continuam trabalhando em condições precarizadas e adoecendo, porque muitos locais de trabalho são insalubres.
“Nós estamos adoecendo. Ouvidos, garganta, olhos estão ficando extremamente prejudicados por causa das péssimas condições de trabalho que a prefeitura nos impõe”, denuncia a professora Magda Silony
Segunda a professora Nalva Costa, a prefeitura, além de maquiar os resultados da educação, também se apropria de trabalhos da categoria. “Os projetos Cacheadas, Crespas e Trançadas de Maracanaú e Saias que Contam, que são tocados por pura iniciativa própria de um grupo de professoras, com aulas aos sábados sobre raça e etnia, foram usados pela prefeitura no stand da Unicef para mostrar o investimento do município na educação, porém os projetos não recebem nenhum incentivo da prefeitura”, denuncia a professora.
A causa dos professores de Maracanaú vem recebendo apoio de todas as ordens. Nomes como o do Deputado Estadual Renato Roseno já se manifestaram em audiência na Assembleia Legislativa do Ceará; Luiz Martinez, diretor de relações Internacional da CTM, Confederação dos Trabalhadores Municipais da Argentina; Luís Galviz, presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Poder Judiciário; e Juneia Batista, presidenta do Comitê Internacional de Mulheres da ISP e Secretária da Mulher Trabalhadora da Cut Nacional também prestaram apoio ao movimento.
A greve é legitima e continua. O sindicato dos profissionais em educação informa que vai manter as atividades da paralisação. A entidade segue sem ser notificada oficialmente pela Justiça de uma suposta suspensão da greve imposta pela justiça a pedido da gestão de Maracanaú.
“São tempos de resistência, aqui e em todo o país. Nós estamos em luta e não sairemos dela enquanto não tivermos avanços. Agora a nossa aula é na rua”, diz Joana Ferreira, presidenta do Suprema.
O Suprema informa ao prefeito que está aberta à negociação, porque a categoria exige a implantação do PCCR. Além disso tudo, uma nova agenda foi aprovada na assembleia. Confira abaixo:
10/10 – Câmara de Maracanaú – 09h
11/10 – Grande sarau durante todo o dia na prefeitura de Maracanaú – 08h.
Fotos: Marcos Adegas
Fonte: Suprema