Até amanhã, 29 de novembro, Fortaleza sedia a World Summit on Energy Transition (WSoET), a Cúpula Mundial sobre Transição Energética, realizada no Centro de Eventos do Ceará. O evento reune lideranças globais, investidores e especialistas para discutir o futuro da matriz energética e os caminhos para enfrentar as mudanças climáticas. Embora o Ceará tenha sido amplamente destacado como referência em energia renovável, com avanços significativos como a produção de hidrogênio verde, vozes críticas presentes no evento alertaram para os desafios de uma transição energética realmente inclusiva e justa.
A presidenta da Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Estado do Ceará (Fetamce), Enedina Soares, chamou atenção para o impacto social das mudanças no setor energético. “Embora o Ceará tenha muito a comemorar em termos de avanços tecnológicos, é preocupante ver como as comunidades mais vulneráveis e os trabalhadores estão sendo pouco considerados nesse processo. Não podemos permitir que a transição energética amplie desigualdades ou desloque comunidades. É preciso garantir que os benefícios dessa revolução cheguem a todos, e não apenas a investidores e grandes corporações,” afirmou Enedina.
A necessidade de inclusão no processo de transição
O Ceará tem se destacado como um dos estados mais avançados em energia limpa no Brasil, especialmente com seu pioneirismo na produção de hidrogênio verde na América Latina. No entanto, especialistas alertaram durante a Cúpula que, para se consolidar como referência global, o estado precisa investir em políticas públicas que assegurem benefícios sociais, como geração de empregos de qualidade, inclusão das comunidades tradicionais e preservação ambiental.
“Se não houver diálogo com os trabalhadores e as comunidades diretamente impactadas, corremos o risco de transformar essa transição em uma nova forma de exploração. Não basta instalar parques eólicos ou usinas de hidrogênio; é preciso garantir que os moradores das áreas impactadas tenham acesso a oportunidades e não sejam excluídos de suas terras ou de seus direitos,” criticou Enedina Soares.
Desafios e oportunidades para o Ceará
Embora o estado tenha condições naturais excepcionais, como abundância de vento, sol e água, o evento trouxe à tona as contradições da transição energética no Brasil. Representantes de organizações internacionais e especialistas discutiram a necessidade de incluir o fator humano na equação, garantindo que o desenvolvimento tecnológico seja acompanhado por justiça social e uma transição justa para todos.