No ano em que se completam 50 anos do golpe militar, a Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Estado do Ceará (Fetamce) traz como mobilização para a semana dos direitos humanos o tema: “Não vão calar a nossa voz”. A proposta é um grito de alerta para toda a sociedade, chamando a atenção dos cearenses para a necessidade de fortalecermos a democracia, de praticarmos a defesa dos direitos de todos os homens e mulheres deste país e também para a obrigação de apontar as políticas públicas para as demandas reais do nosso povo.
Ao mesmo tempo em que defendemos e lutamos por mais cidadania, lembramos aqueles que tombaram ao longo de nossa história, para que pudéssemos hoje gozar de certa liberdade. É necessário resistir ao desejo febril de se recriar o passado de opressão e totalitarismo. A Fetamce apela para que os direitos previstos na Constituição Federal, na Declaração Universal dos Direitos Humanos e no Pacto Internacional dos Direitos Humanos Econômicos, Sociais e Culturais sejam efetivados.
Queremos mais direitos, e é nos municípios onde se dão os maiores desafios para se alcançar esse objetivo. Nas cidades brasileiras é onde se encastelam os remanescentes da época dos coronéis, que caçam o que é mais básico para o povo, como o direito à vida, passando por outras questões essenciais, como o direito ao trabalho e à educação, à moradia, à saúde, à liberdade de expressão e opinião, entre outros. Precisamos urgentemente romper com os valores que caracterizam as gestões das cidades, sempre associadas a muito amadorismo, clientelismo, cooptação e corrupção. Propomos a renovação da gestão pública municipal, de forma que se torne plenamente decente e democrática, com justiça social e trabalho decente.
É inadmissível que em pleno século XXI existam ainda trabalhadores sem salário adequado e justo e sem condições salubres de trabalho, como ocorrem em muitas cidades, onde as violações ao direito humano ao trabalho se situam em relação à desregulamentação dos direitos sociais e trabalhistas.
Prefeitos e prefeitas permanecem eliminando postos de servidores de carreira e criando formas de subcontratação e de terceirização, aumentando assim a informalidade, ao passo que praticam a perseguição aos movimentos organizados de trabalhadores. Sendo assim, convocamos os servidores públicos, a sociedade como um todo e as forças progressistas para pautarmos a transformação das relações de trabalho, que passa por cidades cada vez mais responsabilizadas com os seus trabalhadores e o seu povo, entendendo que o fundamental é formar uma coletividade baseada na equidade, na ética e na cidadania, com respeito aos direitos de todos, independentemente de raça, sexo, orientação sexual, etnia, religião ou qualquer outra condição.
Fonte: OPOVO
Link: http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2014/12/13/noticiasjornalopiniao,3362447/nao-vao-calar-a-nossa-voz.shtml