No dia 5 de maio, os professores da rede municipal de Crateús, no Ceará, entraram, pela segunda vez neste ano, em greve. A categoria luta pelo reajuste salarial de 33,24%, de acordo com a Lei do Piso do Magistério, e por outras questões fundamentais, como a resistência contra as mudanças no regime jurídico do funcionalismo – o que flexionaria os trabalhadores da condição de celetistas para estatutários – e no plano de cargos e carreira do grupo.
De acordo com o Sindicato dos professores da rede pública de Crateús – Sindprof, que lidera o movimento, a gestão do prefeito Marcelo Ferreira Machado (Solidariedade) tenta impor o completo desmonte dos direitos dos trabalhadores da educação da cidade. Na prática, com a mudança de regime jurídico, os servidores sofreriam, de imediato, a retirada do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS. Já com os retrocessos impostos pelo Executivo na carreira, os professores teriam achatamento salarial, pois haveria a redução da diferença entre os níveis de formação.
A precariedade da rede de ensino também é denunciada na greve, haja vista que não houve licitação em 2022 para a merenda escolar e as escolas sofrem com a ausência de segurança sanitária.
Histórico do movimento
Desde o começo do ano sindicato da categoria tenta negociar com a Prefeitura de Crateús, mas foi apenas em março que se iniciaram as tratativas com o governo, após a categoria deliberar pelo indicativo de greve. No entanto, a resposta da Prefeitura foi de um reajuste que era bastante abaixo da própria inflação, de apenas 5%. A categoria prontamente deliberou pela continuidade da greve naquele momento e o município respondeu judicializando a luta. Como não é de se espantar, o Judiciário decidiu pelo retorno imediato às aulas para que houvesse as negociações, que se estenderam nos dias seguintes. Nas novas conversas, a gestão propôs 10% de aumento, parcelado em duas vezes, porém sem os retroativos. Sem avanço plausível na negociação e já amargando mais meses de suas vidas prejudicadas pela inflação, os educadores de Crateús deliberaram novamente pela greve a partir do dia 5 de maio.
Apoio da Fetamce e Sindicatos
Em uma árdua batalha, onde a maioria das prefeituras do Ceará já concedeu o reajuste de 33,24%, os professores de Crateús tem contado com a solidariedade e apoio institucional da Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Estado do Ceará (Fetamce) e do conjunto de seus sindicatos filiados.
Nesta terça-feira, 24 de maio, a presidenta da Federação, Enedina Soares, e representantes de sindicatos de cidades dos Sertões de Crateús levaram reforço às mobilizações de rua do movimento grevista. De acordo com o comando de greve, a pressão precisa ser intensificada para dobrar a classe política local e assim avançar rumo ao atendimento da pauta de luta.
“O momento é de avançar na nossa mobilização. Vamos denunciar em todos os lugares o descaso e o desrespeito da gestão de Crateús. O Ceará todo já mostrou que é possível pagar o reajuste do magistério e manter os direitos dos educadores. Os professores de Crateús não estão sozinhos. Os demais professores municipais cearenses estão nesta luta com eles. Seguimos juntos e juntas até a vitória”, declara a presidenta da Fetamce.