Além da degradação das condições de trabalho, o desmonte da Caixa 100% pública passa também pela retirada de áreas estratégicas do domínio da Caixa. A administração do FGTS, com saldo atual de mais de R$ 300 bilhões, está na mira de bancos privados, que prometem pagar mais por essa poupança dos trabalhadores. Por trás desse aparente “benefício”, está mais um ataque à Caixa e ao seu papel primordial de financiador de políticas públicas sociais e de habitação.
O dinheiro do FGTS é utilizado para financiar projetos nas áreas de habitação, infraestrutura e saneamento básico com juros abaixo do mercado. De acordo com matéria veiculada na imprensa nacional nesta semana, os bancos Santander e Bradesco estão interessados em quebrar esse monopólio da Caixa.
Poupança bilionária
A meta do sistema financeiro privado é ter acesso a uma fonte barata de captação em meio à escassez de dinheiro para o financiamento a longo prazo. O volume de recursos do FGTS não é pequeno, mesmo com a arrecadação em queda e os saques em alta por conta de uma conjuntura de recessão e desemprego. De janeiro a maio deste ano, foram R$ 50 bilhões em depósitos e R$ 44,7 bilhões em saques, o que representa um saldo líquido de R$ 5 bilhões.
Além da tentativa de apoderar-se da bilionária poupança de milhões de trabalhadores, os bancos privados enxergam na gestão das contas do FGTS uma possibilidade de fidelização do cliente, que tende a concentrar suas movimentações financeiras em uma única instituição. Hoje, o dinheiro depositado no fundo rende 3% ao ano mais Taxa Referencial (TR), que está em 2% no acumulado em um ano, abaixo da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), de 9,49% em 12 meses. O indicador mede a variação do custo de vida de famílias com renda de até cinco salários mínimos.
Outro alvo é a remuneração pela gestão do FGTS. Para se ter ideia do que isto representa, a Caixa recebeu em 2014 R$4 bilhões pela prestação do serviço. Esse dinheiro foi pago pelo próprio fundo, que teve lucro de R$ 12,9 bilhões naquele ano, quando encerrou o exercício com saldo de R$ 328,2 bilhões.
Trabalhadores barrados
Atrelado aos interesses do setor privado, o presidente ilegítimo Michel Temer utiliza de todas as artimanhas para barrar a presença de representantes dos trabalhadores na administração da Caixa. A mais recente decisão do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, é manter um quarto das vice-presidências sob o comando de executivos ligados a instituições privadas, ou seja, capitaneados pelo setor financeiro privado.
Fonte: Fetamce