Formação: caminho para a politização da sociedade

O ano de 2014 trouxe reflexões profundas acerca de diversos temas. Detenho-me aqui à dimensão da cidadania como um processo de formação da classe trabalhadora. No período, o movimento sindical organizado pela CUT-CE primou em realizar cursos, palestras, debates, fóruns e outras ações que, em síntese, constituem nossa política nacional de formação. Olhar a totalidade da classe trabalhadora em suas múltiplas determinações é premissa básica nessa dinâmica formativa.

É preciso consolidar uma série de experiências e oportunidades para a formação cidadã da classe trabalhadora. O fortalecimento da participação política e do diálogo entre o Estado e sociedade, a ampliação do acesso à informação permeada pela democratização dos meios de comunicação e a garantia de direitos sociais são elementos essenciais para ampliar as condições de possibilidade que devem favorecer a dimensão cidadã da formação dos indivíduos.

Os inúmeros exemplos de preconceito, xenofobia e manifestações de defesa do retorno da ditatura militar no Brasil expressam uma forte despolitização da sociedade. Na contramão deste processo, o movimento sindical capitaneado pela CUT desenvolveu esse ano um esforço de qualificação do debate político nacional. Destaque-se a iniciativa de construção participativa do documento Plataforma da Classe Trabalhadora em todos os estados do País.

Compreendemos a necessidade de se avançar na organização da sociedade para intervir de forma qualificada na construção de uma democracia de cidadãos. É preciso garantir direitos e vislumbrar oportunidades de atuação nos sindicatos e movimento sociais. Para nós, a formação está diretamente relacionada à ação mobilizada pela utopia que nos move para a mudança.

A formação não é uma questão simplesmente acadêmica, mas imersa no saber. Toma como ponto de partida valores constituídos, sejam familiares, religiosos ou de outra natureza. Cabe lembrar nesse contexto os indivíduos que defendem com convicção a retomada da ditadura militar, ou da intervenção militar, fazendo ampla distinção entre as duas, como se isso fosse possível. O fato é: quais elementos fundamentam tais convicções? Qual é a perspectiva de cidadania inerente a estas propostas? Temos muito a refletir em 2015.

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