A nível nacional, a maioria dos assassinatos em 2011 foram de homossexuais do sexo masculino (60%), seguidos pelos do sexo feminino (37%) e pelos travestis (3%). Nos três primeiros meses de 2012, os dados mostram que pelo menos 104 homossexuais já foram mortos no Brasil – uma média de um morto a cada 21 horas. A tendência, segundo o GGB, é do número bater recorde neste ano.
Sub notificação
Em Fortaleza, o Centro de Referência LGBT Janaína Dutra contabilizou a morte de pelo menos nove homossexuais no ano passado, nos 221 casos de violência física registrados. De acordo com a assessora jurídica do órgão, Rose Marques, esses números enfrentam um problema de sub notificação, pois “não existe um órgão de segurança específico para registrar crimes com causas homofóbicas”.
“Os números não condizem com a realidade, pois o crime de homofobia ainda não existe. São registrados sem a circunstância homofóbica”, explica Rose. De acordo com ela, o Projeto de Lei 122, que prevê a criminalização da homofobia, está no Congresso Nacional e ainda não foi votado. “A gente sempre enfrenta problemas com a igreja e com fundamentalistas religiosos”, desabafa.
A assessora afirma ainda que a maioria dos atendimentos realizados no Centro de Referência são, na verdade, a vítimas de violência psicológica, envolvidas principalmente em conflitos com a família e com a vizinhança. “Somente depois é que vem a violência física”, completa. Segundo Rose, o Centro presta atendimentos jurídico, psicológico e social para as vítimas homossexuais.
Números no Brasil
Dentre as regiões brasileiras, a Nordeste foi considerada a ‘mais homofóbica’. Segundo os dados do GGB, a região foi responsável por 46% dos assassinatos de homossexuais. Em seguida, aparecem as regiões Sul/Sudeste, com 34% dos “homocídios”, e o Norte/Centro-Oeste, com 19%. Entre os estados, a Bahia lidera a lista pelo sexto ano consecutivo, com 28 homicídios, seguida por Pernambuco (25) e São Paulo (24).
Em relação à idade, a pesquisa aponta que a maioria dos homossexuais assassinados tinha entre 20 e 40 anos (55%). Dos 266 mortos, somente 4% tinham menos de 18 anos. De acordo com o relatório, o mais jovem vítima de homicídio foi um estudante gay paulista de 14 anos, e o mais velho, um idoso de 73 anos da cidade Salvador, cuja família não permitiu a divulgação do nome na imprensa.
Ainda segundo o Grupo Gay da Bahia, os homossexuais mortos exerciam 48 profissões diferentes, em que predominam profissionais do sexo (72 vítimas), seguidas de estudantes (11), cabeleireiro/as (8), funcionários/as públicos (7), policiais (5), padres (3) e pais de santo (2). As outras profissões apresentam números menos expressivos.
Líder mundial
A nível mundial, os números mostram que o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking mundial de assassinatos homofóbicos, concentrando 44% do total de execuções de todo mundo. Nos Estados Unidos, que possui 100 milhões a mais de habitantes, por exemplo, foram contabilizados nove mortes de travestis em 2011, enquanto, no nosso país, foram executados pelo menos 98.
Fonte: Jangadeiro Online
Fonte: Fetamce