Os professores de Fortaleza decidiram, nesta sexta-feira (4), em assembleia realizada no bairro Dionísio Torres, pela continuidade da greve da categoria. A paralisação já se estende desde o dia 18 de abril.
De acordo com a diretora do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Fortaleza (Sindiute), Ana Cristina Guilherme, não tem existido um diálogo entre a gestão municipal e a categoria, o que “dificulta uma mudança na situação”. “A Câmara Municipal nos apresentou uma proposta que, além de não satisfazer a categoria, não tem validade nenhuma, porque não tem aval do prefeito. Ele não conversa com a gente. Assim, o Comando de Greve decidiu por continuar a paralisação”, afirmou.
Ao todo, segundo o Sindiute, cerca de 4 mil docentes efetivos estão fora das salas de aula, e mais de 2 mil substitutos e temporários tentam manter a rotina nas unidades escolares. “Não temos como dizer quantas escolas estão de greve, porque esses profissionais são coagidos a trabalhar, juntar turmas e dar aula a dois ou três alunos, como se estivesse tudo normal”, critica a diretora. Já outro membro da diretoria do sindicato, Wellington Monteiro, estima que aproximadamente 80% das escolas aderiram à greve.
Reivindicações
Além do reajuste de 6,81% no Piso Salarial, determinado pelo Ministério da Educação (MEC), e das chamadas “pecunhas”, gratificações destinadas aos servidores; a categoria reivindica ainda “melhorias das condições de trabalho, segurança nas escolas e investimento em fardamentos e materiais para os estudantes”, como reforça Ana Cristina Guilherme.
Inicialmente, a Prefeitura ofereceu uma divisão do pagamento do reajuste em duas parcelas, sendo a primeira de 2,95%, já concedida no mês passado; e a segunda de 3,75%, a ser paga apenas em janeiro do ano que vem. Já a proposta mais atual da Câmara Municipal, que intermedeia as negociações, “oferta o parcelamento em três vezes, dividindo os 3,75% anteriores em 1,86% para julho e 1,86% para dezembro”, segundo explica Wellington Monteiro. A proposição foi rejeitada pela categoria.
A presidente da Fetamce, Enedina Soares, marcou presença na assembleia. Para a dirigente, a greve é legítima e o prefeito Roberto Cláudio precisa ouvir o clamor da categoria, que não vai aceitar achatamento salarial. “Ano passado não tivemos reajuste. Sou professora de Fortaleza, filiada ao Sindiute e estaremos juntos na resistência. É inadmissível que a maior cidade do estado não se organize financeiramente a ponto de atender a Lei do Piso do Magistério. Continuaremos em luta”, discursa.
Mídia vendida
Na oportunidade, os manifestantes repudiaram a cobertura tendenciosa da greve feita pelos meios de comunicação privados, especialmente o Sistema Verdes Mares. Na porta do veículo do grupo, o Diário do Nordeste, os professores deixaram claro que a empresa da família Queiroz tem transformado o jornal em um porta voz do prefeito.