As mulheres negras são as que mais sofrem para entrar no mercado de trabalho. É o que revela um levantamento divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) feito com base nos indicadores da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC), entre os segundos trimestres de 2019 e 2022.
Enquanto a taxa de desemprego geral ficou em 9,3% no segundo trimestre deste ano, entre as mulheres negras o indicador ficou em 13,9%. Já entre os homens negros a taxa é menor que taxa nacional: 8,7%.
Entre as mulheres brancas, o desemprego constatado foi de 8,9%; e os homens brancos, 6,1%, a menor taxa entre os grupos.
Comparando com os mesmos períodos de 2019 a 2022, é possível ver que as mulheres negras têm a maior taxa de desocupação em todos os trimestres. E os homens brancos mantêm as menores taxas de desocupação entre os grupos.
“Esse movimento, apesar de positivo para o conjunto de trabalhadores, não se traduziu em trabalho formal, elevação de rendimentos e igualdade de oportunidades. Ao contrário, houve elevação da informalidade, da subocupação e queda dos rendimentos, efeitos sentidos mais intensamente pelo homem e pela mulher negra”, informa a entidade.
O rendimento médio real mensal é o menor entre as mulheres negras e o maior entre os homens brancos.
No segundo trimestre de 2022, enquanto o homem branco recebeu em média R$ 3.708 e a mulher branca R$ 2.774, a trabalhadora negra ganhou, também em média, R$ 1.715, e o homem negro, R$ 2.142. Ou seja, a mulher negra recebeu 46,3% do rendimento recebido pelo homem branco. Para o homem negro, essa proporção foi de 58,8%.