Retirar dinheiro das universidades é chantagem para aprovar reforma da Previdência

Para presidente da Fetamce, Bolsonaro repete estratégia de Trump, que paralisou os EUA para que Congresso liberasse muro anti-imigração

Quem acompanhou as declarações do Governo Bolsonaro após o corte dos recursos das universidades e institutos federais, que variou entre 30% e 49%, percebeu que há uma verdadeira trama em curso.

O Ministério da Educação começa a bloquear o orçamento destinado às instituições de ensino federal e coloca que poderá vir a liberar as receitas após a reforma da previdência. Ou seja, a iniciativa do mandatário mais cruel da história do Brasil é claramente uma chantagem.

Em declaração ao jornal Hoje, da TV Globo, neste sábado (04/05), o vice-presidente Hamilton Mourão frisou este aspecto: “Não é corte, é contingenciamento… Nós esperamos que no segundo semente, com a aprovação da reforma da Previdência, a situação melhore e esse recurso com certeza vai retornar”.

O Ministério, dirigido por Abraham Weintraub, reitera o discurso e a pressão para passar a destruição da aposentadoria: “o bloqueio preventivo incide sobre os recursos do segundo semestre” e poderá ser reavaliado “caso a reforma da previdência seja aprovada e as previsões de melhora da economia no segundo semestre se confirmem”.

Educação básica e superior perde R$ 7,4 bilhões

Com a medida, o MEC bloqueou R$ 7,4 bilhões no último dia 30 de abril, conforme estudo da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior (Andifes). Além do ensino superior, a educação básica pública, para o qual o Governo afirmou que daria prioridade, perde ao menos R$ 2,4 bilhões, valores que seriam destinados a investimentos em programas do ensino infantil ao médio.

No Ceará, a Universidade Federal do Cariri publicou nota onde afirma que R$ 8.9 milhões de seu orçamento já foram bloqueados no Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI). A facada corresponde a 29,4% do orçamento destinado à unidade de ensino superior.

A avaliação é de que em pouco tempo a universidades brasileiras estarão sem dinheiro para água, luz, manutenção e materiais. Tal situação poderá inviabilizar o funcionamento das instituições e algumas já sinalizam fechamento, como a unidade Montanha do Instituto Federal do Espirito Santo.

Maior do país, com 65 mil estudantes matriculados, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) sofreu o mais duro golpe por parte de Jair Bolsonaro. O corte lá foi de 41%, o que representa R$ 141 milhões. De acordo com Roberto Leher, reitor da UFRJ, a medida tem tamanha dimensão para a instituição que significa como se “o fim do ano tivesse sido antecipado”.

Bolsonaro repete ato de Trump

Para a presidente da  Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Estado do Ceará (Fetamce), Enedina Soares, a lógica de Bolsonaro é asfixiar diversos setores da sociedade e compara o ato do presidente brasileiro ao do cruel líder estadunidense, Donald Trump, a quem Jair admira. “Ao contingenciar o orçamento de diversos setores do país e retirar dinheiro de uma demanda basilar, como a educação, o desqualificado presidente do Brasil age como Trump, que paralisou todas as despesas e pagamentos dos Estados Unidos para que o Congresso lhe permitisse criar um muro anti-imigração e leis de caça aos imigrantes”, avalia a dirigente.

Enedina Soares entende que só a pressão popular, seja por meio de intervenção do povo junto aos congressistas, de mobilizações sociais e até mesmo de recursos ao Superior Tribunal Federal (STF), que poderá ser revertido o caso sem que os brasileiros cedam a qualquer chantagem do autoritário ocupante do Palácio do Planalto.


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