Os desafios enfrentados pelos profissionais da educação básica no Brasil foram revelados em uma pesquisa abrangente realizada pelo Instituto Semesp. Entre os principais motivos que levam os docentes a cogitar deixar a profissão estão o baixo retorno financeiro, a falta de reconhecimento profissional, a carga horária excessiva e a falta de engajamento por parte dos alunos.
Realizada entre os dias 18 e 31 de março de 2024, a pesquisa contou com a participação de 444 professores de escolas públicas e privadas, abrangendo desde o ensino infantil até o médio, em todas as regiões do país. Os resultados revelaram que 79,4% dos entrevistados já pensaram em abandonar a carreira de docente. Quanto às perspectivas futuras, 67,6% se sentem inseguros, desanimados e frustrados.
Os desafios mais citados pelos professores incluem a falta de valorização e estímulo à carreira (74,8%), a ausência de disciplina e interesse por parte dos alunos (62,8%), a carência de apoio e reconhecimento da sociedade (61,3%) e a falta de envolvimento e participação das famílias dos alunos (59%).
A pesquisa também revelou que mais da metade dos professores (52,3%) já foram vítimas de algum tipo de violência enquanto exerciam sua função. As formas mais comuns de violência incluem agressão verbal (46,2%), intimidação (23,1%) e assédio moral (17,1%). Além disso, casos de racismo, violência de gênero e até mesmo ameaças de agressão e morte foram relatados. Os perpetradores desses atos são principalmente alunos (44,3%), alunos e responsáveis (23%) e funcionários da escola (16,1%).
Apesar dos desafios enfrentados, a maioria dos professores da educação básica (53,6%) declara estar satisfeita ou muito satisfeita com a carreira. Eles apontam como principais motivos para permanecerem nas salas de aula o interesse em ensinar e compartilhar conhecimento (59,7%), a satisfação em acompanhar o progresso dos alunos (35,4%) e a própria vocação (30,9%).
“Apesar de todos os problemas, é o que eu gosto de fazer e tenho maior capacidade”, compartilha um dos professores entrevistados, que preferiu não ter seu nome revelado. “A paixão pelo processo de ensinar e aprender, contribuindo para a evolução das pessoas”, aponta outro professor, também mantendo sua identidade anônima.
Para Lúcia Teixeira, presidente do Semesp, esses dados são significativos pois destacam os motivos que impulsionam os professores a permanecerem na profissão. “Eles falam de sua vocação, do interesse em ensinar, da satisfação em ver o progresso do aluno. São fatores interligados que revelam o perfil daqueles que escolhem ser professores”, destaca Teixeira.
Com informações da Agência Brasil