Diversidade e Direitos Humanos foram destaque na manhã da sexta-feira (12), segundo dia do I Encontro Nacional da Juventude dos Municipais, em Fortaleza (CE). A mesa “Sindicalismo e Juventude: igualdade de oportunidades” refletiu sobre o tratamento dado à população jovem, com ênfase em pessoas negras e LGBTs.
O debate foi iniciado por Eurian Nóbrega, secretário LGBT da Confetam/CUT e representante LGBT do ramo dos municipais na Internacional dos Serviços Públicos (ISP). Ele ressaltou que o movimento sindical é machista e excludente, além de reproduzir discursos carregados de preconceitos, mesmo que inconscientemente. “Ainda há diretores sindicais que usam termos incorretos, como opção sexual. Não é uma opção, a pessoa não escolhe ser homossexual, o termo correto é orientação sexual, temos que ter essa compreensão”, explicou.
Eurian destacou ainda a necessidade de sensibilizar as bases sindicais para o assunto, lembrando que a pauta LGBT permeia diversas esferas de atuação dos servidores municipais, dentre elas, Educação, Saúde e Assistência Social. “Nos chamam de minoria mas somos muitos no País inteiro. Minoria mesmo só em direitos. Por isso temos que falar a língua do jovem e dicustir os direitos LGBT”, disse.
A juventude negra foi colocada em foco por Mário Magno, do Coletivo Enegrecer, ao mostrar dados que comprovam o racismo no mercado de trabalho: 23,9% da população negra não tem carteira assinada, enquanto na população branca, este índice é de 16,3%. O militante foi enfático ao dizer que o senso comum de que o jovem muda de emprego rapidamente porque “não sabe o que quer” é uma falácia. “A verdade é que nós somos lançados na precarização do trabalho, principalmente o negro e o LGBT. Nem o concurso público é garantia de direitos pra gente, porque o serviço público foi feito para os brancos. Temos que mudar isso”, conclamou.
As prioridades para as pautas da juventude também foram defendidas por Enedina Soares, presidenta da Fetamce. Ela apresentou um perfil do jovem brasileiro e lembrou que começou cedo na luta sindical e teve que enferentar desafios pelo fato de ser jovem. Para a sindicalista, “é preciso atingir os jovens e empoderá-los. Eles querem lutar pelos seus direitos, mas precisam ter espaço. O sindicato tem que abrir as portas e se deixar oxigenar com as novas ideias dessa juventude que não é o futuro, é o presente”.
Fonte: Fetamce