Ao passo que presta solidariedade aos familiares e amigos das servidoras de Acaraú, Maria de Jesus Veríssimo e Kelry Veríssimo, vítimas de feminicídio neste domingo, 28, a Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Estado do Ceará (Fetamce) destaca que as duas foram não só atacadas por seu assassino, mas por toda uma cultura que preserva a desigualdade de gênero, que, em seu seio, nutre o machismo, a misoginia e o “direito de posse” que homens acreditam ter sobre suas companheiras.
Nesta nova expressão fatal das diversas violências que atingem as mulheres, o acusado invadiu a residência da família e esfaqueou Kelry, enfermeira municipal, e sua mãe, dona Maria de Jesus, professora na cidade, que tentou impedir a morte da filha, e o pai de Kelry, que interviu para defender, mas conseguiu sobreviveu. A tragédia familiar aconteceu na zona rural de Acaraú e causou tristeza entre os moradores da região.
Mas, além de lamentar, precisamos nomear e definir o problema, um passo importante para coibir esse tipo de crime. Portanto, para enfrentar os feminicídios, é preciso construir o entendimento de que se tratam de mortes decorrentes da disparidade de gênero e que, muitas vezes, o assassinato é o desfecho de um histórico de violências.
Mortes por feminicídios são considerados mortes evitáveis – ou seja, que não aconteceriam sem a conivência institucional e social às discriminações e violências contra as mulheres.
Neste período, em que destacamos os 21 dias de ativismo pela eliminação da violência contra as mulheres cobramos, precisamos enfrentar a ordem patriarcal e toda a desigualdade estrutural de poder que inferioriza e subordina as mulheres aos homens. Não à violência sexista e ao masculinismo como ordem social e cultural. Mais do que nunca precisamos lutar por justiça, mas também por nenhuma mulher a menos!