O termo homofobia – ódio à homossexualidade – foi cunhado em 1972 nos Estados Unidos, introduzido no Brasil pelo Grupo Gay da Bahia em 1984. O Dia Mundial contra a Homofobia, 17 de maio, foi estabelecido em 2005, pelo ativista Tin, e divulgado no Brasil por Luiz Mott em 2006, oficializado em 2010 por decreto do Presidente Lula como Dia Nacional contra a Homofobia.
O Brasil destaca-se vergonhosamente no cenário mundial como país campeão de assassinatos homofóbicos: 50% dos crimes contra LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) são cometidos em nosso país, 326 homicidios em 2014, uma média de uma morte violenta a cada 27 horas, dos quais 53% gays, 43% travestis e 4% lésbicas. Crimes de ódio, com requintes de crueldade: dezenas de facadas e tiros, múltiplos instrumentos de tortura, empalamento e castração das vítimas. Em 2015 já foram documentados 122 assassinatos.
São Paulo é em termos absolutos a metrópole onde ocorreram mais assassinatos no ano passado: 16, seguido do Rio de Janeiro e Bahia. João Pessoa é a capital mais perigosa, com 15,3 vitimas por milhão de habitantes, seguida de Teresina 11,9 e Cuiabá, 10,4. Enquanto no Brasil como um todo, os LGBT assassinados representam 1,6 de cada um milhão de habitantes, na Paraíba esse risco sobe para 4,5 e 4,1 para o Piauí.
Durante décadas, o Nordeste foi a região de maior incidência de crimes homofóbicos: pela primeira vez em 2014, o Centro-Oeste emerge como a região geográfica mais intolerante, com 2,9 de “homocídios” para cada 1 milhão de habitantes, seguido do Nordeste (2,1), Norte (1,5), Sudeste (1,2) e Sul – a região menos violenta, com 0,7 mortes.
Segundo o fundador do Grupo Gay da Bahia, responsável pelo site Quem a homotransfobia matou hoje, “Lastimavelmente, a violência anti-homossexual cresce incontrolavelmente no Brasil. Nos 8 anos do governo FHC, foram documentados 1023 crimes homofóbicos, uma média de 127 por ano; no Governo Lula, subiram para 1306, com média de 163 assassinatos por ano; nos quatro anos do Governo Dilma, tais crimes já atingiram a cifra de 1569 mortes, com média de 392 assassinados anuais – mais que o dobro dos governos anteriores”.
Para Eduardo Michels, responsável do banco de dados sobre crimes contra LGBT, “falta vontade política da Presidenta em cumprir sua repetida promessa eleitoral de criminalizar a homofobia. Além de crescentes, esses crimes se tornam cada vez mais cruéis e bárbaros”.
Como o gay Helmiton Figueiredo, 30 anos, assassinado com 60 facadas em Cabo de Santo Agostinho (PE); a travesti Agata Renata, 18 anos, de Campo Grande (MS), estuprada, morta por espancamento e jogada dentro de um rio; os gays Jonhy Lima, 19 anos e Saulo Tavares, 24, esfaqueados em Vila Velha (ES); o jovem de 14 anos, Peterson Ricardo Oliveira, de Itaquaquecetuba (SP), espancado na escola por ser adotado por pais gays.
Combate
“Combater a homofobia não é fazer propaganda do ser gay. A sociedade tem de entender que não vai mudar a orientação sexual de uma pessoa, tem que despertar o respeito pela diversidade sexual. A homofobia é uma verdadeira praga que destrói vidas e famílias. Combater esse crime de ódio é garantir a igualdade prescrita em nossa Constituição, é garantir os Direitos Humanos. Para curar-se do ódio, as pessoas precisam de educação e de Leis, que possa punir àqueles que promovam a violência contra LGBTs”, explica Rafael Fernandes, secretário LGBT da Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Estado do Ceará (Fetamce).
Portanto, combater é criar climas favoráveis para o fortalecimento da democracia e dos direitos humanos coletivos de difusos de todos os cidadãos. Exemplo de ação que incide na mudança social, com vistas a estimular a diversidade, é a campanha “Serviço Público de Todas as Cores – Construindo a igualdade de oportunidades através do combate à homofobia, ao racismo e à violência contra a mulher”, realizada em 2014 pela Federação e os 146 sindicatos filiados. A atividade percorreu o Ceará com a promoção de debates e distribuição de materiais.
Na rede
Abaixo conheça outras iniciativas disponibilizadas na rede. São sites e canais de vídeos na internet, que atuam desmistificando o universo LGBT.
Fonte: Fetamce