Ao mesmo tempo em que anunciaram nova queda da taxa média de desemprego, técnicos da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), de São Paulo, e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) criticaram os analistas que falam em uma situação de “pleno emprego” no Brasil, que provocaria pressões inflacionárias. As críticas atingiram também o Banco Central, que em março de 2008 publicou relatório sobre uma suposta “taxa natural” de desemprego, sugerindo relação entre desemprego e inflação. Os técnicos afirmam que o mercado de trabalho vive um bom momento, mas acrescentam que as taxas e o número de desempregados ainda são muito elevados.
“Não há nenhuma dúvida de que o mercado de trabalho se recuperou da crise, e de forma generalizada nas diversões regiões. A grande indagação que se faz atualmente é se nós vamos sustentar esse nível de crescimento”, diz o economista Sérgio Mendonça, do Dieese. “A economia não está no ritmo do primeiro trimestre, quando estava crescendo quase 10% (em termos anuais). Agora está em 7% e talvez fique em 5% no último trimestre deste ano”, acrescenta.
Em junho, a taxa média de desemprego apurada pelo Seade e pelo Dieese nas sete regiões pesquisadas foi de 12,7%, ante 13,2% no mês anterior, com queda de quase dois pontos percentuais em relação a junho de 2009 (14,6%). Segundo Mendonça, o resultado era o esperado para o período. Apenas no mês passado, 51 mil pessoas entraram no mercado, que criou 160 mil ocupações, resultando em 109 mil desempregados a menos, para 2,795 milhões. Na comparação anual, são 350 mil pessoas a mais no mercado (1,6%), 729 mil ocupados a mais (3,9%) e 380 mil desempregados a menos (-12%).
Dos 729 mil empregos novos em um ano, 622 mil são com carteira assinada, crescimento de 7,4%. O emprego sem carteira também cresceu, 1,9%, o correspondente a 37 mil assalariados a mais. “Isso (contratação sem carteira) acontece quando há algumas dúvidas em relação ao futuro”, observa o coordenador de análise do Seade, Alexandre Loloian.
Na região metropolitana de São Paulo, responsável por mais de 40% do total, a taxa média de desemprego em junho foi de 12,9%, a menor para o mês em 20 anos (12,1% em 1990). De maio (taxa de 13,3%) para junho, 29 mil ingressaram no mercado de trabalho, que criou 68 mil vagas. Com isso, o número de desempregados caiu em 39 mil, para 1,383 milhão. Em 12 meses, os números são mais expressivos: 192 mil pessoas a mais no mercado (crescimento de 1,8%), 304 mil ocupados a mais (alta de 3,4%) e 112 mil desempregados a menos (-7,5%). Das 304 mil vagas criadas, 223 mil foram com carteira assinada (expansão de 5%) e 45 mil, sem carteira (4,3%). O tempo médio de procura de emprego mantém-se em 35 semanas há quatro meses.
Nas sete regiões pesquisadas (Belo Horizonte, Distrito Federal, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo), das 729 mil novas ocupações em 12 meses, 292 mil foram abertas no setor de serviços (alta de 2,9%), 252 mil na indústria (9,3%), 119 mil na construção civil (10,7%) e 100 mil no comércio (3,3%). O rendimento médio dos ocupados, calculado em R$ 1.259, cresceu 1,1% de abril para maio e 2,7% na comparação com maio do ano passado.
Fonte: Fetamce