A Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal (Confetam/CUT) abriu sua 7ª Plenária Nacional com o I Seminário Nacional de Igualdade de Oportunidades, realizado na tarde desta segunda-feira (28), no Hotel Nacional, em Brasília (DF).
Vilani Oliveria, presidente da Confederação, abriu o encontro. Ela saudou os delegados e convidados, que ficarão reunidos até o dia 30 de setembro. “Preparamos tudo com muito carinho e atenção. Este é um momento muito importante para avaliarmos nossas lutas e adequarmos nossas estratégias para enfrentar os desafios da conjuntura atual”, disse.
A mesa de debates contou com a participação de Julia Reis, secretária de Raça da Central Única dos Trabalhadores (CUT); Eurian Nóbrega Leite, diretor LGBT da Confetam/CUT; e Juneia Batista, do Comitê de Mulheres da Internacional de Serviços Públicos (ISP). O Seminário foi mediado por Jucélia Vargas e Alci Klein, secretária-geral e vice-presidente da Confetam/CUT, respectivamente.
A discussão chega em um momento em que a conjuntura aponta para retrocessos, diante das pautas aprovadas no Congresso Nacional que reforçam a discriminação por orientação sexual (gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais), por gênero e por raça.
Eurian Leite disse que é preciso enfrentar as forças conservadoras que se movem em todos os setores da sociedade. “Com o Estatuto da Família, o Congresso retrocede ao século XVI, quando amar não era importante”, enfatizou. Ele entende que a sociedade e o poder público não podem se calar ou compactuar, em alguma medida, com a homofobia, que é a aversão ou repulsa ao LGBT (Lésbica, Gay, Bissexual, Travesti e Transexual).
Segundo o diretor da Confetam/CUT, o Brasil concentra 44% dos casos de homofobia letal no mundo – aquela que termina em morte da vítima. “É preciso utilizar as nossas entidades sindicais para promover a igualdade de oportunidades, realizando campanhas inclusivas e colocando pautas dos interesses dos homossexuais nas negociações coletivas”, explicou.
Por sua vez, Julia Reis mostrou que, apesar das recentes conquistas da população negra, o país ainda é marcado por relações calcadas no racismo. “A população negra recebe até 50% a menos que os trabalhadores brancos. Dizem que não tem racismo, mas na hora de buscar emprego, a diferença salarial é muito grande. O racismo no Brasil só será eliminado quando reconhecermos o seu combate como prioridade”, enfatizou.
Por outro lado, a secretária de Raça lembrou que entre os avanços recentes estão a Lei 10.639, que disciplina o estudo da história e cultura afro-brasileira nas escolas; a lei de cotas; o Estatuto da Igualdade Racial; e a Lei do Trabalho Domestico, que é um afazer essencialmente negro, no Brasil.
Juneia Batista também afirmou que a pauta das mulheres e da igualdade de gênero evoluiu no país, embora esta tenha que se dar em todos os espaços, ou seja, na vida, no trabalho e no movimento sindical. “Não basta uma suposta busca da igualdade no espaço público e do mercado”, destacou.
A representante do Comitê de Mulheres da ISP lança que a principal batalha é cultural, pois “desde pequenas as mulheres dedicam uma grande parte de seu tempo para a satisfação das necessidades da sociedade, dos membros de suas famílias e de suas comunidades”. Juneia aposta que tal enfrentamento é, ao mesmo tempo, a luta pela superação do modelo capitalista, que sustenta a divisão, a discriminação e o preconceito.
Fonte: Fetamce