Existe uma violência social disfarçada que se reflete fortemente no dia adia das mulheres dentro e fora de suas casas e faz com que sejam discriminadas na vida pública, a exemplo dos salários inferiores aos dos homens, da maior precarização do trabalho feminino, bem como nas diversas formas de violência as quais são submetidas cotidianamente na esfera do trabalho .
A discriminação se revela nas transformações no mercado de trabalho nas últimas décadas que se refletem na realidade dos trabalhadores como um todo, com especificidades na vida das mulheres. A reestruturação produtiva e a mundialização do capital provocou aumento significativo no desemprego, bem como nas novas formas de contratação, mais flexibilizadas e inseguras demandando inúmeros desafios no interior dessa nova dinâmica produtiva.
A feminização do mundo do trabalho é indiscutivelmente avanço na
busca pela emancipação feminina. Contudo, tal inserção ainda se dá de forma subalternizada e precarizada, demandando a construção de relações igualitárias, principalmente no que concerne à dupla jornada de trabalho das mulheres e o combate às diversas expressões de violência contra a mulher presentes na esfera produtiva.
As expressões de violência que perpassam tal esfera acontecem de várias formas, dentre as mais incidentes estão o assédio moral e assédio sexual, que na maioria das vezes permanecem invisibilizados, já que as assediadas pouco denunciam e quando o fazem, as decisões judiciais têm sido na maioria das vezes, desfavoráveis às vítimas, além da falta de políticas públicas para este segmento. É importante destacar que apesar das acepções sobre assédio sexual e moral se constituírem indistintamente entre os gêneros, recai sobre as mulheres os maiores impactos devido à alta incidência e gravidade.
Outro importante elemento que perpassa esta problemática da violência é a certeza da impunidade que ainda é muito recorrente no imaginário social, fazendo com que milhares de mulheres convivam cotidianamente com estas formas de violência acentuando a precarização e a vulnerabilidade contra este segmento no âmbito do trabalho
A prevenção e o combate a este tipo de violência passam necessariamente pela implementação de políticas públicas que garantam assistência às mulheres vitimizadas, maior rigor do judiciário na punição dos agressores e fundamentalmente uma política de igualdade formal no mundo do trabalho que garanta a homens e mulheres o acesso a um espaço livre de opressão, dominação e sem violência.
Por: Ozaneide de Paulo – Secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-CE
Fonte: Fetamce