No 19º dia da greve, completados nesta quarta-feira (19), os trabalhadores da Petrobras indicaram suspensão da greve após reunião do conselho deliberativo da Federação Única dos Petroleiros (FUP), formada pela entidade e pelos 13 sindicatos filiados. O indicativo é motivado pela abertura de diálogo da empresa com os trabalhadores e pela suspensão das demissões na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR). A indicação precisa ser votada em assembleias nas bases sindicais da categoria, o que deve ocorrer até as 15h de hoje (20).
“Diante destes novos fatos, com o objetivo de acumular forças nesse movimento que jã é histórico só por existir e resistir na atual conjuntura política do país, o Conselho Deliberativo da FUP (…) indica (…) suspender provisoriamente a greve para que a Comissão Permanente de Negociação da FUP participe da reunião de mediação no TST, e retomar a greve, caso não haja avanços nesta mediação”, afirmou a Federação, em nota distribuída à imprensa.
“A greve foi suspensa devido ao avanço das conquistas da categoria petroleira após esses 19 dias de mobilização da greve, por conquistar o retorno das negociações que era uma das pautas prioritárias. Mas a gente entende que os pontos têm que avançar para serem concretos, não é só dialogar. Estamos suspendendo mostrando uma boa fé negocial”, explica Luiz Felipe Grubba, dirigente do Sindipetro Unificado de São Paulo.
Negociação
Ives Gandra, ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e relator da ação contra a greve da categoria, aceitou negociar os pleitos da categoria após reunião com a FUP e a CUT, intermediada por deputados e senadores do campo progressista, nesta terça-feira (18).
Após o encontro, a federação protocolou uma petição aos autos do processo, formalizando o pedido de abertura de negociação. Em resposta, Gandra convocou, ainda na terça, a audiência de mediação entre a FUP e a Petrobras para a próxima sexta-feira (21).
Também na terça, o Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região no Paraná (TRT-9), determinou a suspensão das demissões na subsidiária da Petrobras. A manutenção das atividades da Fafen, com quase mil funcionários, sendo 396 próprios e 600 terceirizados, é uma das principais reivindicações da categoria. A suspensão das demissões é liminar e tem validade até a próxima audiência entre o sindicato da categoria e a estatal, em março.
A Comissão Permanente de Negociação segue ocupando o 4° andar da sede da Petrobras, no Rio de Janeiro. E a categoria segue mobilizada, inclusive com a possibilidade de retorno da greve, em defesa da Petrobras e pela mudança da política de preços da empresa, diz a FUP.
“A gente sabe que pra avançar nas negociações serão necessárias a manutenção da mobilização da categoria e esse ano também tem muita coisa anunciada pelo governo e pela gestão da empresa, como venda de refinarias, dutos e terminais, que certamente vão levar a categoria à retomada da mobilização”, completa Grubba.
Nesta quinta, às 16h30, em São Paulo, será realizado um ato em solidariedade aos trabalhadores da Petrobras e em defesa da estatal e da Soberania Nacional. A atividade, convocada pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, terá sua concentração no vão livre do Masp.
A categoria anunciou que outras mobilizações estão sendo organizadas. Durante o carnaval, por exemplo, irão vender gás pelo preço de custo na cidade de Quixadá (CE). Os petroleiros reforçaram ainda a importância da mobilização para o dia 18 de março, dia nacional de mobilização dos servidores públicos.
Com reportagem do Brasil de Fato