Servidores públicos do estado do Ceará entraram em confronto com a polícia após serem impedidos de entrar nas galerias da Assembléia Legislativa do Ceará (AL-CE) para acompanhar a votação da reforma da Previdência estadual, iniciada na manhã desta quinta-feira (19). Agentes do Batalhão de Choque utilizaram bombas de efeito moral para conter as tentativas dos manifestantes de atravessar os portões de contenção.
Uma das manifestantes, Marta Medeiros, membro do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde do Estado do Ceará (SindSaúde), caiu ao correr das bombas dos policiais e feriu a cabeça.
“A Assembleia é a casa do povo. Nós queremos entrar”, afirmou Rosângela Pimenta, professora da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) que ficou ficou ferida após a explosão de uma bomba.
O presidente da Casa, José Sarto (PDT), justificou o impedimento do acesso de servidores estaduais e líderes sindicais nas dependências da Assembleia afirmando que a decisão foi realizada para “garantir a segurança de deputados e deputados, dos servidores da Casa e, principalmente, dos manifestantes”.
Durante o protesto, o trânsito ficou bloqueado na Avenida Desembargador Moreira, no trecho entre a Avenida Pontes Vieira e Rua Marcondes Pereira, no entorno da Assembleia.
Policiais militares reforçaram a segurança na frente da Assembleia durante o protesto. — Foto: SVM
‘Não somos bandidos’
A proibição da entrada dos manifestantes ocorre desde quarta-feira (18), quando também foi registrado um conflito. Neste mesmo dia, o deputado Carlos Felipe (PCdoB), afirmou ser contrário a decisão de impedir a entrada dos servidores.
“Com todo respeito à Mesa Diretora, mas não posso me sentir bem enquanto parlamentar se as pessoas que estão envolvidas no processo não tiverem a oportunidade de ver a gente votando. Eu acho que era desnecessário, ocupar as galerias é um direito deles”, disse.
A educadora foi atingida com uma bomba de borracha no pé — Foto: Flávio Rovere/SVM
“Nós trabalhamos e queremos nossos direitos. De protestar e ouvir a votação. Nós não somos bandidos. Nós damos nossa vida para garantir o funcionamento do Estado do Ceará. Essa reforma está atacando nossos direitos. Porque não discutir com a classe dos servidores? Por que votar em regime de urgência?”, questiona a professora ferida no pé.
O Governo Estadual pode ser alvo de sanções caso não aprove a reforma em tempo estabelecido pelo Executivo Nacional em portaria publicada no início deste mês. Os parlamentares votam para finalizar a pauta e dar início ao recesso.
Principais pontos do projeto de reforma da previdência do Ceará
- Idade mínima de aposentadoria de servidores homens sobe de 60 para 65;
- Idade mínima de aposentadoria de servidoras sobe de 55 para 62;
- Categorias como professor, policial e agente penitenciário têm idade mínima de aposentadoria reduzidas;
- Pensão por óbito deixa de ser integral (100%) e passa a pagar 60% da média salarial;
- Aposentadorias serão taxadas em 14% no valor que exceder dois salários mínimos;
- Média salarial para definir valor da aposentadoria desconsidera 10% dos salários mais baixos.
Fonte: G1 CE