Representantes de movimento sociais, entre eles lideranças sindicais, foram os principais convidados de encontro que debateu os impactos da Copa do Mundo de Futebol no Brasil, realizado na tarde de ontem (06/05), na Assembleia Legislativa do Ceará. Os participantes foram recepcionados pelo ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-geral da Presidência da República (SG-PR), que chamou para si a responsabilidade de quebrar a tensão entre Governo e sociedade civil quando o assunto é Copa do Mundo.
Na atividade, chama de “Diálogos Governo-Sociedade Civil Copa 2014”, que passará por todas as cidades-sede da Copa, o Ministro e sua equipe, acompanhados de representantes do executivo estadual e municipal, apresentou o conjunto de investimentos Federal em obras da Copa, realizando a comparação com recursos aplicados em políticas públicas, como educação. “Não teremos a oportunidade de furar o bloqueio da mídia e mostrar o conjunto de oportunidades que virá com a Copa”, reclamou o Ministro.
Segundo documento distribuído pelo Governo Federal na atividade, uma das grandes oportunidades geradas pelo Mundial seriam as obras de infraestrutura e mobilidade urbana realizadas no país. “Foram R$ 8 bilhões em 42 projetos de mobilidade urbana, beneficiando a população de 12 cidades que receberão o evento”, diz.
Destacou ainda outros investimentos, como os R$ 200 milhões aplicados em turismo, R$ 600 milhões em Portos, R$ 6,3 bilhões na reforma e ampliação de aeroportos, R$ 1,9 bilhão em Segurança, R$ 400 milhões em telecomunicações e R$ 8 bilhões na reforma ou construção de estádios, sendo que destes, R$ 4 bilhões, a metade, obtida através de empréstimo, retornariam corrigidos para a União.
“O gasto do Governo com educação em 2013 ficou em R$ 101,9 bilhões. Na saúde, o gasto da União, no mesmo ano, chegou a R$ 83 bilhões”, rebateu o documento apresentado pela Presidência da República.
Debate
Depois de mais de 2 horas de evento, finalmente o microfone foi aberto para os convidados. Mesmo com parte do público partindo, houve ainda 25 inscrições. Lideranças de sindicais estavam entre os inscritos e, na maioria das falas, questionaram o Governo sobre as condições de trabalhadores durante a Copa.
Joana Almeida, presidenta da CUT Ceará, destacou que o movimento sindical brasileiro é absolutamente contra o trabalho voluntário. “A Copa é um evento privado que pode vir a trazer benefícios, queremos trabalho decente e que este, inclusive, não seja provisório”, enfatizou.
Enedina Soares, presidenta da Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Estado do Ceará (Fetamce) falou sobre a importância do Poder Público realizar a fiscalização das empresas antes e durante a Copa. “Precisamos observar se os direitos trabalhistas estão sendo garantidos e observar a segurança do trabalhador. O Governo tem feito neste aspecto”, perguntou, lembrando ainda da segurança dos trabalhadores durante as possíveis manifestações contra o evento marcado para junho.
Já o presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará, Carlos Eduardo, foi enfático ao criticar o descontrole com a proteção de empregados de empreiteiras em obras de estádios. “Na Alemanha foram duas mortes, na África do Sul foram quatro mortes, no Brasil, nem realizamos o mundial e já temos 8 mortes. Ministro, trabalho decente também é estar vivo no trabalho”, criticou.
Destaque ainda para a entrega ao ministro de relatório sobre agressões contra jornalistas durante a Copa das Confederações, pela presidente do Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce), Samira de Castro. Além de cobrar providências apara evitar novas vítimas, o documento mostra que pelo menos 10 episódios de violência contra jornalistas. Destes, nove foram praticados por policiais e apenas um por manifestante.
Entretanto, apesar do esforço de ouvir os numerosos inscritos, o ministro Gilberto Carvalho não respondeu a todas as questões, se restringindo a mais uma vez explicar os benefícios do evento e de se responsabilizar por apurar as responsabilidades de equívocos acontecidos na preparação para a Copa.
Fonte: Fetamce