Distância entre mais ricos e pobres aumentou em 2018, aponta Oxfam

“O pobre financia o Estado, enquanto o rico usufrui” – Ilustração de Guabiras para a capa da Revista F (Ed. 6 – Tema: “Desigualdades” - Editor: Rafael Mesquita).

Taxar fortunas de bilionários em 0,5% incluiria 262 milhões de crianças na escola e ainda poderia salvar a vida de mais de 3 milhões de pessoas com pouco acesso à saúde

A distância entre os mais ricos e os mais pobres aumentou ainda mais no ano passado, segundo relatório global divulgado nesta segunda-feira (21) pela Organização Não Governamental Oxfam.

De acordo com o estudo, a fortuna dos bilionários do mundo aumentou 12% em 2018 (cerca de US$ 900 bilhões), ou US$ 2,5 bilhões por dia, enquanto a metade mais pobre do planeta (3,8 bilhões de pessoas) viu sua riqueza reduzida em 11% no ano passado.

O relatório “Bem Público ou Riqueza Privada?”, lançado às vésperas do Fórum Econômico Mundial de Davos, afirma que o número de bilionários no mundo quase que dobrou desde a crise financeira de 2007-2008, saltando de 1.125 em 2008 para 2.208 em 2018. O relatório cita dados da revista “Forbes”, apontando que o Brasil tinha 42 bilionários em 2018, com riqueza total de US$ 176,4 bilhões.

Segundo a ONG, a criação de taxa extra de 0,5% sobre a riqueza dos bilionários que fazem parte do 1% mais rico do planeta arrecadaria mais do que o suficiente para colocar na escola 262 milhões de crianças que hoje estão fora, além de garantir serviços de saúde que poderiam salvar a vida de mais de 3 milhões de pessoas.

“Ao não taxarem apropriadamente os muito ricos e as grandes corporações, e por terem dificuldades orçamentárias para investir adequadamente em serviços públicos como saúde e educação, os governos estão contribuindo para aumentar as desigualdades, prejudicando milhões de pessoas que vivem na pobreza – principalmente as mulheres”, afirma a ONG.

Segundo a Oxfam, os cálculos do relatório são baseados nos dados de riqueza global do Credit Suisse, e a riqueza dos bilionários foi calculada a partir da lista de bilionários da revista Forbes.

“Os governos precisam entender que investir em serviços públicos é fundamental para enfrentar as desigualdades e vencer a pobreza. E para isso é necessário que os mais ricos e as grandes corporações contribuam de maneira mais justa”, afirma Katia Maia, diretora-executiva da Oxfam Brasil, destacando que no país os 10% mais pobres da sociedade pagam mais impostos proporcionalmente do que os 10% mais ricos.

A desigualdade é sexista

O relatório da Oxfam aponta, ainda, a desigualdade de gênero como um dos grandes desafios para combater a desigualdade social no mundo. A maioria das pessoas mais ricas é do sexo masculino. Os homens detêm 50% a mais da riqueza total do que as mulheres, que, em nível global, ganham 23% a menos do que os homens.

A desigualdade de gênero não é acidente nem novidade. Nossas regras econômicas foram escritas por homens ricos e poderosos, em defesa de seus próprios interesses – Relatório Oxfam.

“O atual modelo econômico neoliberal piorou essa situação, e cortes nos serviços públicos, redução de impostos para pessoas físicas e jurídicas mais ricas e o achatamento de salários prejudicaram mais às mulheres do que aos homens”, alerta o documento.
Segundo a Oxfam, a diferença entre ricos e pobres está afastando as pessoas umas das outras. E esse abismo social “nos impede de vencer a pobreza e alcançar a igualdade entre mulheres e homens”.
“A maioria dos nossos líderes políticos não está conseguindo reduzir essa perigosa divisão. Não tem que ser obrigatoriamente assim. A desigualdade não é inevitável, e sim uma escolha política, e é possível dar passos concretos para reduzi-la”.

Recomendações

No relatório, a Oxfam apresenta algumas recomendações para os governos e afirma que as lideranças políticas “devem ouvir os cidadãos comuns e tomar medidas significativas para reduzir a desigualdade”.

“Todos os governos devem estabelecer metas e planos de ação concretos e com prazos definidos para reduzir a desigualdade, como parte de seus compromissos com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”.

Esses planos devem incluir ações nas três áreas: proporcionar saúde, educação e outros serviços públicos de forma universal e gratuita, que também funcionem para mulheres e meninas; liberar o tempo das mulheres, reduzindo os milhões de horas não remuneradas que elas passam cuidando de suas famílias e lares, todos os dias; e rever a baixa tributação de empresas e pessoas ricas.

Com informações do G1 e da CUT


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