Nesta quarta-feira, 8 de março, Dia Internacional da Mulher, Fortaleza recebeu ato pelo fim da violência que atinge as mulheres e contra a reforma da previdência.
A paralisação, que teve concentração na Praça da Imprensa, reuniu cerca de 4 mil pessoas. A mobilização é organizada internacionalmente por movimentos sociais e ativistas feministas, para reivindicar políticas públicas e reforçar a luta por igualdade. A estimativa é que 55 países realizem ações na Parada Brasileira das Mulheres.
Com a proposta de “greve geral”, as mulheres protestaram contra o governo de Michel Temer, contra o racismo e também pelo direito de abortos legais e seguros.
Conforme a indígena Maria das Graças Soares, da etnia Tabepa, tribo da Região Metropolitana de Fortaleza o evento ajuda a encorajar indígenas a combaterem os preconceitos que sofrem diariamente. “Somos muito discriminadas e julgadas pelos próprios maridos e pelas pessoas de fora, então está na hora de darmos uma resposta contra isso”, declara.
A religiosa irmã Mônica Costa, da Congregação das Religiosas Missionárias de Nossa Senhora das Dores, também participou da manifestação. “Desenvolvemos um trabalho de enfrentamento contra o tráfico e exploração de mulheres e viemos dar nosso apoio”, disse.
Para a a integrante do Instituto Negra do Ceará, Abi Rodrigues, a luta das mulheres não acontece só no dia de hoje, principalmente no caso das mulheres negras e pobres, mas todos os dias do ano. “Devemos lutar e denunciar contra as pautas que nos matam todos os dias, direta ou indiretamente, como o racismo”, afirma.
Assembleia dos Professores
A paralisação também contou com a participação das professoras da rede pública municipal de Fortaleza, que começaram a sua concentração na sede da Secretaria Municipal de Educação. Em campanha salarial, os professores realizaram uma assembleia onde aprovaram cruzar os braços a partir do dia 15 de março, contra as medidas de austeridade que reduzem direitos. Após a deliberação, o grupo se juntou aos demais manifestantes.
“Nossa categoria é majoritariamente de mulheres, então é importante neste 8 de março se voltar para os direitos das mulheres”, frisa a professora e secretaria de igualdade racial da Central Única de Trabalhadores (CUT), Gardênia Baima.
Reforma da Previdência
O foco principal dos discursos foi o combate à Reforma da Previdência, tendo em vista que as mudanças serão ainda maiores para as mulheres, pois aumenta o tempo de contribuição integral do género feminino de 30 para 49 anos. No caso, o tempo de contribuição vai de 35 para 49 anos. Além disso, a reforma equipara a idade mínima de aposentaria para 65 anos em ambos os sexos, eliminando o direito das mulheres de se aposentarem antes.
A proposta do governo Temer deixa de considerar que as mulheres, no modelo de sociedade patriarcal como a nossa, são empurradas ao trabalho doméstico quase “compulsório”, como tarefa “naturalmente” feminina. Ou seja, além da jornada de trabalho, as mulheres, segundo pesquisa, cumprem cerca de 21 horas a mais de jornada somente com o trabalho doméstico em casa.
“Da forma como está, as mulheres vão ser as mais prejudicadas com a elevação da idade mínima de 65 anos. Tem de haver uma batalha pesada para devolver essa proposta para a gaveta. O que se pretende é acabar com a Previdência pública”, afirma a presidente da Federação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal do Estado do Ceará (Fetamce), Enedina Soares.
“Essa reforma não reconhece o papel da mulher na sociedade, que além de trabalhar, muitas vezes, tem uma jornada dupla ou até tripla, para cuidar dos filhos e da casa”, afirma a integrante do Comitê Estadual da Marcha Mundial das Mulheres, Ticiana Studart.
O ato foi encerrado em frente à agencia central da Previdência Social, onde os movimentos voltaram a destacar a necessidade de uma maior pressão popular contra a retirada de direitos sociais e trabalhistas.
Source: Fetamce