Por Vilani Oliveira, secretária de Combate ao Racismo da Confetam e coordenadora geral do MNU Ceará
Hoje, 13 de maio, a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal e o Movimento Negro Unificado do Ceará (MNU-CE) vem, através desse artigo, tratar sobre a tão falada e comemorada “Abolição da Escravatura”, onde nós entendemos que essa abolição aconteceu e funciona em nosso cotidiano de forma inacabada.
Não podemos considerar que o povo preto é de fato um povo livre, quando estão submissos as relações de trabalho mais precárias, análogo a escravidão, ao genocídio que tenta exterminar a população preta, principalmente a juventude, alvo de balas “perdidas” da violência policial e da sub-representação nos espaços de poder e parlamento.
Ainda consideramos que essa abolição é um processo a ser concluído e só virá de fato através das mãos do povo preto. É de suma importância que a população preta esteja organizada com o fortalecimento dos movimentos.
Importante lembrar que 2022 é um ano de eleições e precisamos fazer uma reflexão, para que possamos eleger candidaturas pretas comprometidas com a pauta. Hoje em dia o racismo é uma realidade dura no Brasil, e sobretudo existe uma tentativa de consolidar o mito da democracia racial, que nada mais é que uma invenção da branquitude para tentar negar o racismo e com isso negar políticas de reparação e afirmativas.
Hoje cabe essa reflexão e o chamamento dos servidores públicos municipais, pretos, pretas e pretes, para que possam se engajar nessa luta. Os pretos na organização e os brancos no fortalecimento.
Não podemos esquecer da importância da ressignificação do 13 de maio, que as pessoas teimam em exaltar a Princesa Isabel, mulher branca que assinou uma lei e que “libertou” os escravos.
No dia de hoje (13), cerca de 300 militantes do Movimento Negro Unificado (MNU), de todos os cantos deste país, estão reunidos no 19º Congresso do MNU, em Recife (PE), para pensarem políticas de organização, de enfrentamento, pautas e formatos de ocupação do parlamento.
O encontro finaliza no domingo (15), com a eleição da nova coordenação nacional do MNU, e na terra de Zumbi e Dandara, com o significado de grande potência!
A abolição não representou a liberdade do povo negro no Brasil.
Após 134 anos, pessoas negras ainda são a maior parte da população desempregada, recebem menores salários, ocupam postos de trabalho mais precarizados e são também as principais vítimas da violência policial.
A data de hoje é de reflexão, uma oportunidade para que o Brasil pense a respeito das estruturas opressoras e racistas que insiste em se manter.
Liberdade real para o povo preto!