Mais de 25% dos cearenses sofrem com assédio moral, conforme pesquisa acadêmica


Segundo informações levantadas pela pesquisadora Rosemary Cavalcante Gonçalves, no estudo “O Assédio Moral no Ceará: Naturalização dos atos injustos no trabalho” (2006), o assédio moral no Ceará tem uma grande incidência e está sempre vinculando a vários outros problemas de ordem trabalhista.


Dos 218 respondentes, 25,2% consideraram-se vítimas de assédio no trabalho, nos últimos seis meses, porém, chama a atenção o fato de 95,9% (209) relataram ter passado por, pelo menos, uma situação de assédio, nos últimos seis meses.


A pesquisa foi realizada junto a Delegacia Regional do Trabalho (DRTCE), com o total de participantes de 218 pessoas, de idade entre 18 e 60 anos. O grupo era composto por 52,3% de homens e 47,7% de mulheres. Quanto às empresas, 96,8% eram do setor privado, e apenas 3,2% pertenciam ao setor público, onde predominaram os trabalhadores da indústria (28,44 %) e do comércio (25,6%). 90,4% são trabalhadores que não ocupam função de chefia.


Sobre a escolaridade, os participantes, na maioria, possuíam nível médio de escolaridade (63,8%), mas também houve grande incidência de trabalhadores com nível básico completo ou incompleto (32,1%), sendo estes últimos considerados semianalfabetos. Foi mínimo o número de pesquisados com curso técnico ou superior (4,1%). Destaque para predominância dos trabalhadores com nível hierárquico na “base da pirâmide”, isto é, os operários e profissionais de linha de frente ou de “chão de fábrica”, sem cargo de liderança, consistindo em 90% da amostra. Apenas 10% exerciam função de supervisão ou coordenação de média gerência.

Violências

As violências de maior freqüência na amostra foram “ser alvo de gritos e agressividade” (56,42%), “ser constantemente lembrado de erros” (51,83%), “espalhar boatos a seu respeito” (50,46%), “ser pressionado a não reclamar direitos” (48,17%) e “receber supervisão excessiva” (47,17%).

Mais problemas trabalhistas

Em uma segunda amostra, qualitativa, a pesquisadora encontrou, em relatos abertos, a incidência de problemas de ordem trabalhista, caracterizando como o principal ato negativo no trabalho, por 43,93% dos entrevistados, que afirmaram nos relatos o não cumprimento dos direitos trabalhistas.


Outros 24,28% dos ouvidos apontaram horas-extras como um ato negativo, e desses, muitos também reclamaram o não pagamento pelas horas trabalhadas a mais. Já 19,08% dos pesquisados disseram ser um comportamento negativo o desrespeito das chefias, que se expressam através de gritos, xingamentos e ofensas aos empregados. “A percepção de injustiça e de exploração se apresenta nas falas dos trabalhadores, como expressa este entrevistado: O patrão se aproveita da falta de emprego, e o empregado tem que aceitar tudo”, informa a pesquisadora. Nos textos, os trabalhadores explicitam que são pressionados para atingir metas de produção e ameaçados quando não conseguem os resultados esperados.



Mulheres e jovens

As mulheres foram mais assediadas do que os homens e a diferença é estatisticamente significativa, correspondendo a 31,7 % contra 19,3 % dos homens. Os trabalhadores assediados são perseguidos mais por chefias (83,6%). Contudo, as mulheres tendem a ser mais assediadas por mulheres (81,8%), e os homens, por homens (95,4%).


Quanto a faixa etária, o grupo de 25 a 34 anos é o mais assediado, representando 47,3% dos auto-relatos de assédio.


Fonte: Revista F


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Fonte: Fetamce


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